Cães estão entrando em uma nova fase de domesticação
O que isso significa para você e seu cachorro, segundo pesquisadores dos Estados Unidos
Ao longo da história, os cães desempenharam funções essenciais para os humanos: caçar, pastorear e proteger. Eles tinham que ser vigilantes, cheios de energia e, muitas vezes, desconfiar de estranhos. Porém, os tempos mudaram – e nossos cães também estão mudando.
Como explicam Brian Hare e Vanessa Woods em artigo para a revista The Atlantic, com a urbanização e o crescimento das cidades, os cães passaram de “trabalhadores” para membros das nossas famílias. Hoje, o que buscamos é um companheiro que se adapte à nossa vida moderna. Queremos cães que fiquem tranquilos em apartamentos, recebam bem nossos amigos e convivam com outros animais sem problemas. Mas essa transição rápida não foi fácil para todos os cães.
Hare e Woods explicam que muitas características que tornavam os cães parceiros ideais no passado – como o instinto de guarda ou a alta energia – podem ser desafiadoras no contexto atual. Nem todos os cães estão preparados para o ritmo mais calmo, mas socialmente intenso, da sociedade moderna, e isso fica bem evidente em situações como caminhadas em bairros movimentados ou interações nos famosos parcões.
Altos níveis de ocitocina

Uma nova tendência que vem ganhando força é a criação de cães com perfis mais sociáveis, parecidos com os cães de serviço. Segundo os autores, esses cães, treinados desde cedo para lidar com estímulos complexos, como multidões e ambientes urbanos, apresentam níveis mais altos de ocitocina – o “hormônio do amor”. Esse fator biológico facilita a criação de laços fortes com humanos e a adaptação a interações sociais de maneira tranquila.
Estamos, de certa forma, entrando em uma terceira fase de domesticação dos cães, como descrevem Hare e Woods. No passado, a seleção focava em habilidades de caça ou pastoreio; hoje, a ênfase está na sociabilidade e na capacidade de se integrar à vida humana moderna. Para tutores, isso significa que o comportamento ideal em um cachorro – amigável, calmo e capaz de conviver em espaços urbanos – está se tornando mais valorizado do que características físicas, como o tamanho ou a cor da pelagem.
Para quem já tem um cachorro ou está pensando em adotar, os autores aconselham paciência e amor para ajudar os cães a se adaptarem ao novo cenário. E, se você está em busca de um novo amigo, talvez valha a pena considerar a adoção de um cão adulto, com uma personalidade já formada, em vez de um filhote cheio de energia e imprevisibilidade.
Enquanto os cães evoluem conosco, uma coisa permanece constante: o amor e a alegria que eles trazem para nossas vidas.
Aliás, Woods e Hare são protagonistas do documentário “Dentro da mente de um cachorro", que está no Netflix. Veja o trailer abaixo: