A história de Luigi, o salsicha burocrata
O amor imenso por um cãozinho que adora uma rotina.
Nosso LambeLambe de outubro, o Luigi, é um daschund de rituais. Acorda cedo, sai do quarto pontualmente às 7h30 e vai para a sala. Tem hora pra tudo. Às 14h00, sabe que é hora da coleta do lixo - e late para o moço da coleta como se fosse a primeira vez. Imediatamente após o almoço, senta sempre na mesma poltrona e vigia o que acontece na rua - e ai de quem sentar no lugar dele, pois vai ser obrigado a levantar, já que Luigi não aceita um não como resposta.
É territorial e metódico, amante da rotina, mas inimigo de formalidades como essa besteira de não dar comida por baixo da mesa. Afinal, quem não pede, não tem, e Luigi sabe que, em algum momento, um coração mole vai ceder aos seus encantos.
Não por acaso, Luciana Savoi e Pedro Ursini, seus tutores há sete anos e cinco meses, o apelidaram de “Burocratinha”.
- Olha lá o Burocratinha, foi pra sala - dizem sempre quando Luigi vai preguiçosamente se deitar embaixo da janela, ao sol (outra coisa que adora).
Ironicamente, apesar de tanta rotina, de horários rígidos e de tudo planejado como ele gosta, o Burocratinha Luigi entrou na vida de Lu e Pedro quase por acaso.
Decididos a adotar um cãozinho, pensaram primeiro num whippet. Desistiram da ideia ao saberem que não conseguiriam estar disponíveis para as longas caminhadas diárias que essa raça precisa. Afinal, adotar um pet não é só um ato de amor, mas também de responsabilidade - e Lu e Pedro não queriam menos que fazer 100% do que o peludo precisa.
Havia também a questão do espaço. Talvez um pequeno? Por isso, pensaram num dachshund, aquela raça de pequeno porte, pernas grossas e corpo alongado. Os famosos salsichas, como ficaram famosos na cultura popular.
Mas a busca não foi fácil e estavam quase decididos a adotar algum cão sem-raça-definida, o antigo ‘vira-lata’ - afinal, as lojas de pet, para Lu, eram meio tristes e artificiais demais. E ambos também se perguntavam se comprar um cãozinho seria o certo a fazer.
Mas qual não foi a surpresa quando Lu, ao passar por uma loja perto de casa, deu de cara com esse salsichinha simpático, de pelo curto (e pernas também), caramelo, olhos claros.
atendente do pet shop - Mas ele já está “passado do tempo”.
Lu (imediatamente irritada) – Como assim “passado”?
atendente – Ele já tem 5 meses!
Lu – Ele ainda tem 5 meses? Posso vê-lo de perto?
atendente – Claro! Mas ele já está marcado para ser devolvido ao canil.
Mas esse encontro ao acaso não terminaria assim, como a Lu narra:
"Na hora eu pensei: vai devolver nada! Meu coração ficou congelado. A vontade era esganar o pescoço daquela cidadã com todas as minhas forças. Fiquei com ele por 15 minutos em uma salinha pequena, e a nossa identificação um com o outro foi imediata. Chamei ele de Luigi. Os olhinhos olhavam tão fundo nos meus, com uma expressão bem forte. Liguei na hora para o Pedro.”
Um final feliz
Pedro ficou imediatamente apaixonado, a ponto de chegar em casa um pouco mais cedo do trabalho na primeira semana do Lui.
Aliás, apelido é o que não falta para ele: Burocratinha, Nonato, Baleia (remetendo ao romance vidas secas), Luighem (pois é metade alemão), Bassotto (metade italiano), Salsicheiro…e, carinhosamente, muitas vezes é Lui (ele em italiano).
Esse encontro terminou bem: Luigi não voltou para o canil e ganhou um lar com muito amor.
"É um baixinho que se vê gigante, abana o rabo aos cachorrinhos e arrepia o pêlo quando vê pastores alemães. Ele não só não gosta, como quer brigar. Com a gente, é doce e engraçado ao mesmo tempo. Inteligente, quase participa das nossas conversas e está sempre sentado ao nosso lado.
Costumamos dizer que não fomos nós que achamos o Luigi, foi ele que nos achou."_Luciana Savoi




Somos todos Luigi!